Por Viviane Shinzato
Revista Caros amigos comemora 13 anos com debate aberto ao público
Em plena quinta- feira, no dia 22 de abril, logo após o feriado, estudantes e admiradores da Caros Amigos se reuniram no Teatro da Aliança Francesa em comemoração dos 13 anos da revista. Com um estilo bem diferente dos aniversários que conhecemos, a festa da Caros Amigos teve a seguinte temática: Que desenvolvimento queremos para o Brasil?
O debate, marcado para as 14h, teve início por volta das 14h30 e contou com a presença de convidados especiais, entre eles, o mediador do debate, Paulo Henrique Amorim. A primeira pessoa chamada ao palco é o diretor geral da revista, Wagner Nabuco, que conta um pouco sobre sua idealização do projeto. Em meio a sua apresentação, Nabuco acrescenta vídeos e imagens no telão, fazendo uma retrospectiva das diversas capas e entrevistas que contribuíram para a história da Caros Amigos.
Seguido da apresentação do diretor da revista, o primeiro convidado a se apresentar é o Professor Jorge Abrahão de Castro, Economista do IPEA, chamado para falar de Economia e Emprego. Durante os 20 minutos de apresentação, tempo destinado para cada palestrante, o economista mostrou mapas e gráficos representativos do analfabetismo e da renda no Brasil; para Abrahão, o que já foi feito em relação à renda no país, ainda é pouco, “mexeu muito pouco com a renda pobre” e, nestas condições, “o Brasil não pode se dar o luxo de deixar dez, vinte milhões de pessoas na inatividade”.
A próxima palestrante a se apresentar é dos movimentos sociais e juventude do PT, Severine Macedo, vinda de Santa Catarina. Em seu discurso Severine defende a ação política e os debates da juventude, ressalta que a juventude não pode ser considerada única e homogênea, mas principalmente no Brasil temos algumas visões de juventude que permeiam muito o debate, “nós geralmente percebemos as pessoas direcionarem uma idéia à juventude, como naturalmente revolucionária ou, na atualidade, naturalmente conservadora, individualista, sendo esta uma visão muito trabalhada, inclusive pelos meios de comunicação” para estimular cada vez mais este segmento como próprio de “consumidores e não como sujeitos políticos”.
Ainda na apresentação de Severine, há destaque para o problema da ausência do Estado como tutor do desenvolvimento em todos os setores da juventude, principalmente no que se refere à falta de alfabetização que alcançou um milhão e meio de pessoas no Brasil, entre eles jovens, de 15 a 29 anos. Segundo a representante do PT, “o jovem não pode ser obrigado a parar de estudar para entrar no mercado de trabalho” e os problemas da juventude não podem se resumir apenas ao trabalho ou ao estudo, “tem que ter um conjunto de outras políticas” que não abandonem a questão do lazer.
O Professor Sérgio Haddad tratou a questão da educação e cidadania, defendeu políticas como Bolsa Família e Pró Uni, por conta das oportunidades que tais programas oferecem àqueles “que não conseguiriam se formar”; o professor ainda apontou para a diferença da educação quando se trata de ricos e pobres, visto que “90% dos estudantes são da escola pública e os 10% restante são de particular, e esta é a diferença no ensino superior”, o professor completa dizendo que “o sistema educativo acaba gerando desigualdade”.
Dando continuidade ao debate, chega a vez da Professora Raquel Rolnik, convidada para tratar questões urbanas e meio ambiente. Em sua apresentação a professora chamou atenção para o número de imóveis inutilizados na cidade e relata que “temos mais lotes abandonados e inutilizados do que moradias ocupadas”, Raquel ainda observa dados como os de São Paulo onde “o déficit é de 203 mil moradias e 420 mil estão vagas”.
Em seu debate a arquiteta contraria o discurso popular de que a cidade não foi planejada; “os lugares destinados aos pobres são as áreas vulneráveis, e qualquer coincidência com qualquer evento da semana retrasada, não é nenhuma coincidência” afirma Raquel. A professora aponta que não é de interesse das autoridades melhorarem as condições de moradia, por ser esta a moeda de troca para as eleições, “troca-se cidadania pelo voto do vereador, prefeito…”.
Finalizando o debate, o convidado Ladislau Dowbor, professor e economista, fala da conjuntura política e abre discussão sobre os transportes, ele aponta que “quando mais de um terço da população tem carro já não é mais um instrumento de mobilidade”, Ladislau ironiza ao apontar que “o sistema que mais trava em São Paulo, é o sistema de mobilidade”
Chegando ao fim do debate, por volta das 18h, entra em cena um grupo de maracatu que convida a plateia para um cortejo pelas ruas; ao som dos tambores os convidados seguem até o local do coquetel. Assim foi o aniversário de 13 anos da Caros Amigos, alternativo e questionador. E você, caro amigo, que desenvolvimento quer para o Brasil?
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